terça-feira, 10 de dezembro de 2013

A (preocupante) situação dos cruzeiros no Brasil


Ano passado o Brasil era o quinto maior mercado de cruzeiros do mundo. Hoje ele é o sétimo e esse número tenderá a aumentar se nada for feito para reverter esse quadro preocupante. 
A situação dos cruzeiros já esteve melhor, quando as companhias traziam, no verão do hemisfério sul, os maiores e melhores navios de suas frotas para o Brasil. Porém o que  fica evidente é o crescente desinteresse por parte das empresas em investir tanto nesse país.
A justificativa está na falta de estrutura em quase todos os portos brasileiros, situação que vem melhorando por exigências da Fifa para a Copa de 2014. Ao chegar no Brasil, depois de escalar em alguns dos melhores terminais marítimos do mundo, na Europa, os passageiros encontram espaços muitas vezes improvisados ou estruturas antigas com pouca manutenção.
Outro ponto desfavorável à operação dos cruzeiros no Brasil é o preço abusivo das taxas portuárias para a atracação dos navios. O valor pago no porto de Santos (SP) pela taxa de embarque é mais de três vezes o preço cobrado em Miami e o custo de praticagem em Salvador, o mais alto do mundo, chega a custar quase US$110 mil, enquanto em Barcelona, na Espanha, custa US$3,8 mil, segundo a Abremar (Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos).
Tabela do custo de praticagem no Brasil e no mundo.
Reprodução/Abremar
Dubai (EAU), alguns países asiáticos e a Austrália, por exemplo, estão oferecendo muitos atrativos para os cruzeiros. Como consequência disso, esses são os principais locais para onde os navios que operavam aqui estão indo. Companhias como a Costa Cruzeiros, Royal Caribbean International e MSC Cruzeiros estão investindo cada vez mais nesses mercados por eles oferecerem melhores estruturas e preços muito mais atrativos para as empresas, refletindo em um menor custo, também,  para os passageiros. 
O Brasil terá nessa temporada, segundo a Abremar, 694 mil passageiros, enquanto os EUA, em primeiro lugar no ranking mundial, terá 10.44 milhões de pessoas embarcadas em cruzeiros marítimos. Um exemplo para justificar essa diferença está no comparativo entre estes dois cruzeiros:

Viajar em um navio intermediário no Brasil pode custar mais que o dobro de um premium nos EUA.
A Fundação Getúlio Vargas fez um Estudo de Perfil e Impactos Econômicos de Cruzeiros Marítimos no Brasil, mostrando diversos benefícios trazidos pelos cruzeiros para o país. Esse estudo mostra que não podemos ficar observando os navios indo para outros continentes e não fazer nada para conquistar novamente as companhias de cruzeiros e os seus passageiros.
Para melhorar a oferta de navios no Brasil, o governo precisa, em primeiro lugar, perceber a importância da presença dos cruzeiros para a economia. Cada navio que atraca traz milhares de passageiros que vão consumir produtos locais, o que movimenta pontos turísticos como feiras, restaurantes, lojas, galerias, entre outros. Para atrair esses viajantes e as companhias de cruzeiros, as taxas portuárias devem ser reduzidas e os portos devem ser reformados para melhor recebê-los já que, assim como os aeroportos, os terminais marítimos são responsáveis pela primeira impressão dos turistas a respeito da cidade. Se nada for feito, nós, brasileiros, ficaremos apenas a ver navios.

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